The Who: Pete Townshend conta como (e por que) começou a quebrar guitarras no palco
Pete Townshend se tonou um dos guitarristas mais influentes do rock britânico por ter sido pioneiro em várias coisas que acabavam ficando mais populares nas mãos de outros artistas. Seu rock básico e visceral fez mais famoso quando feito pelas bandas punk; seu blues pesado ficou mais famoso quando feito pelo Led Zeppelin; sua mistura de ópera com rock ficou mais famosa quando feita pelo Pink Floyd com “The Wall” (1979)…
Jimi Hendrix ficou famoso por destruir guitarras sobre o palco, mas ele mesmo confessava que o fazia inspirado por Townshend, que começou a fazer primeiro. Mas de onde ele tirou a ideia de fazer aquilo? Em entrevista de 1980 para a Sound International, ele respondeu a essa pergunta.
“Primeiro, comecei a me ligar em microfonia. Jim Marshall começou a fabricar amplificadores e alguém em sua loja teve a ideia de construir um gabinete 4×12 para baixo. John Entwistle comprou um e […] dobrou o volume. E então comprei um e depois […] comprei outro e empilhei em cima do outro. Na época, eu estava usando uma Rickenbacker e, como a captação estava alinhada com os alto-falantes, fui instantaneamente atormentado pela microfonia, mas gostava daquele som nos meus ouvidos. […] Comecei a me interessar pela microfonia […] e me expressar fisicamente.”
“Aquilo acabou me levando a […] ficar batendo minha guitarra e fazendo barulhos. Um dia bati no teto de um clube e o braço quebrou — Rickenbackers parecem feitos de papelão —, aí todo mundo começou a rir. Foi tipo, ‘Isso é pra você aprender a não ser exibido!’ Então pensei no que fazer, e não tive outra escolha senão fingir que era tudo planejado. Destruí aquela guitarra, pulei em cima dos pedaços e peguei a de 12 cordas, como se nada tivesse acontecido.”
“No dia seguinte, o lugar estava lotado! Aquilo se tornou outra forma de expressão para mim. Era um truque, claro. É uma coisa muito física ser um guitarrista de pé – e a maneira como você se sente e se move, e a maneira como você mexe o corpo faz parte disso; […] toda aquela coisa machão se tornou uma expressão.”
“Nunca tive muito respeito pela guitarra, na verdade; claro, respeitava os guitarristas, entendia sua a necessidade por um bom instrumento. Mas durante anos não me importei com como a guitarra era. [Sinto que] um pouco menos agora. Até tenho alguns instrumentos muito bons e que gosto de tocar, mas nunca chego nem perto do palco com eles.”