Peter Hook comenta suas 10 melhores linhas de baixo no Joy Division e New Order
Peter Hook pode ser considerado o maior baixista da cena de Manchester por ter tocado em duas das maiores bandas locais: Joy Division e New Order. Desde sempre, ele jamais quis tocar como um músico convencional, sempre buscou sua própria personalidade, seu próprio estilo — se especializou em ser ele mesmo.
Tanto a sonoridade de seu baixo quanto o fraseado melódico de suas linhas são inconfundíveis, e sua inspiração pode ser encontrada em diversas músicas do The Cure, e em tudo que influenciada pelo post punk, de Yeah Yeah Yeahs a Garbage, passando por Cocteau Twins.
Em 2017 para a Classic Rock, ele listou e comentou aquelas que considera suas 10 melhores linhas de baixo — cinco do New Order, cinco do Joy Division:
10) Crystal / 60 Miles An Hour – New Order
“Foi um ótimo momento para o New Order, sempre me lembro com muito carinho. […] Naquele momento em específico Bernard [Sumner, guitarrista e vocalista] e eu estávamos escrevendo tão bem juntos que essas duas linhas de baixo me deixaram muito, muito orgulhoso. Para mim, fizemos um trabalho muto bom. São linhas de baixo bem únicas, mas muito à moda Peter Hook.”
9) Thieves Like Us – New Order
“Este foi o single seguinte a ‘Blue Monday’, [mas] sempre considerei [‘Thieves Like Us’] uma música muito, muito melhor. É uma linha de baixo muito poderosa. Eu não tenho vergonha de dizer que a roubei de ‘Emma’, do Hot Chocolate, e usei daquilo com grande efeito. Foi maravilhoso, porque [quando] encontrei Errol Brown senti que tinha que confessar, e ele me disse ‘Muito bem, meu rapaz!’ O que foi muito legal da parte dele. Se fosse hoje em dia, [a pessoa] provavelmente te processaria, não é mesmo?”
8) Doubts Even Here – New Order
“Esta foi [composta] em um baixo de seis cordas. É uma linha de baixo muito simples, mas muito melódica, que para mim parece muito sincera e emotiva. É bom tanto de tocar quanto de ouvir. É estranho, porque naquela época você escrevia as músicas na guitarra e depois adicionava os teclados, ao contrário do que aconteceu depois, quando nos tornamos… orientados aos teclados, digamos assim. Aí ficou muito mais difícil. Quando estávamos orientados à guitarra, era uma posição confortável; com os teclados guiando, você sempre sentia que estava tentando se espremer para se encaixar.”
7) Dreams Never End – New Order
“Este foi o primeiro riff de baixo que escrevi em torno de uma música — em um baixo de seis cordas. Eu cantei nela também, o que foi bastante incomum. Sempre achei que cantar e tocar baixo era a morte, até que tive que fazer isso, e descobri que era mesmo! Tínhamos acabado de perder nosso vocalista, então foi muito desafiador. É incrível como você se sente vulnerável e nu ao cantar. Agora eu entendo por que as pessoas cantam tocando: é muito melhor. Mesmo hoje em dia, se a corda arrebenta e eu fico sem o baixo, me sinto com as calças arriadas! É uma sensação muito estranha.”
6) Age Of Consent – New Order
“Minha linha de baixo favorita do New Order […]. Para um baixista era uma maravilha: uma música liderada pelo baixo e muito melódica. Essa é a minha favorita do New Order.”
5) Transmission – Joy Division
“‘Transmission’ começou com a linha de baixo, tornou-se nosso primeiro sucesso, e é uma sequência de acordes muito simples, muito eficaz. Você pode ouvir aquele espírito juvenil, que você é um punk e não está para brincadeira com a linha de baixo. O que é obviamente a coisa mais importante do mundo [para um baixista].”
4) New Dawn Fades – Joy Division
“Esta é muito simples. A sequência de acordes do baixo é bem simples o tempo todo. Minha marca registrada nos primórdios era tocar a mesma linha de baixo durante toda a música, e todos os outros se moviam ao redor dela. Essa música é assim.”
3) Atmosphere – Joy Division
“Essa música foi votada como a música de rock favorita nos funerais — uma honra bem questionável! […] Mas, novamente, é um riff de baixo maravilhoso. A música foi escrita em duas partes, com o baixo escrito sozinho, e depois Bernard fez os teclados, então tínhamos duas músicas. A ideia brilhante de uni-las foi absolutamente incrível. É muito emocionante e melancólica, o que Ian tirou proveito com seu vocal e a letra. Então é um riff de baixo muito simples e evocativo. Eu fui muito afortunado, tenho que dizer, como baixista. Fui incentivado por Ian Curtis, tenho que dar a ele o mérito por isso. Era ele que sempre me incentivava a tentar criar um riff de baixo cativante.”
2) 24 Hours – Joy Division
“’24 Hours’ tinha um riff de baixo tão peculiar e único, notei ao longo dos anos que muito baixista cita como seu riff de baixo favorito. […] Tem os elementos maravilhosos pelos quais você morre em uma música: quedas melódicas e picos intensos. E, mais uma vez, a música é liderada pelo baixo. É simplesmente um riff fantástico.”
1) Love Will Tear Us Apart – Joy Division
“A grande coisa de ser um jovem músico é que você ainda não está com um excesso de riffs no histórico. Você cria muitos riffs muito rapidamente; à medida que você envelhece, eles vêm muito mais lentamente. Quando começamos como Joy Division, cada riff que criávamos parecia um presente de Deus. Um em particular, ‘Love Will Tear Us Apart’, Ian pegou como a melodia vocal da música e me deu, suponho eu, o riff de baixo mais conhecido de todos.”
“[A composição] foi muito simples, ela foi escrita em três horas do início ao fim. Basicamente, [a música] era toda em torno dos riffs de baixo, e foi uma das coisas mais fáceis e simples. Não consigo me lembrar de nenhuma [outra música que tenha surgido de forma] tão fácil quanto essa.”