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Genesis: Designer relembra a criação da arte da capa do álbum “Nursery Cryme” 

Genesis: Designer relembra a criação da arte da capa do álbum “Nursery Cryme” 
Capa e contracapa de "Nursery Cryme" em vinil

“Nursery Cryme” (1971) foi o terceiro álbum do Genesis, mas o primeiro de sua formação mais clássica, com a entrada de Steve Hackett e Phil Collins. Amplamente considerado um dos maiores da história do rock progressivo, contém clássicos como “The Musical Box” — 10 minutos de deleite a qualquer fã do gênero.

Sua capa, tão surrealista quanto intrigante, reflete bem seu conteúdo. Com influências como psicodelia sessentista, arte vitoriana e Alice no País das Maravilhas, quanto mais você olha, mais detalhes percebe. E sempre há mais para descobrir.

Seu autor, Paul Whitehead, em 2016 para a Prog relembrou o processo de criação daquela que talvez seja a mais famosa imagem de sua carreira.

A banda

“Bem, eu fiz uma exposição de arte em Londres, e foi ou Peter Gabriel o produtor da banda, John Anthony, que apareceu por lá. Agora, não consigo lembrar exatamente como foi [encontro], mas o resumo foi que acabei sendo convidado para fazer a capa do ‘Trespass’ [segundo álgum do Genesis, de 1970], e as coisas evoluíram a partir dali.”


A ideia

“O álbum me pareceu ter um toque muito vitoriano, e foi esse caminho que eu segui. Os caras gostaram da ideia e me disseram para seguir com ela.”


A música

“Eu sempre insisto em ouvir o máximo possível das músicas antes de criar a arte. Eu preciso ter uma ideia de como tudo soa. Me deram as letras antecipadamente e ouvi um pouco da música, embora ainda não estivesse finalizada àquela altura. Mas eu realmente gostei do que ouvi. Eles estavam desenvolvendo seu próprio estilo e não soavam como mais nada naquela época.”


O conceito

“Uma das faixas que certamente ouvi foi ‘The Musical Box’, e foi a partir dela que tive a ideia de usar um tema de Alice no País das Maravilhas para a capa. Aquilo combinava com a abordagem lírica da antiga Inglaterra, mas o problema foi que a banda queria que parecesse uma pintura antiga. Quando mostrei a pintura original, todos disseram que não parecia antiga o suficiente.” 

“Eles queriam que parecesse da era vitoriana, então envernizei a tela com mel velho, e aquilo resolveu Aí passou aquela sensação de século XIX. Só que o problema foi que, quando foi enviada para impressão, a primeira prova que voltou deu à pintura uma tonalidade amarela que não deveria estar lá. No entanto, todos gostaram tanto que decidiram ficar com ela.”


A reação

“Bem, a banda realmente gostou, eles acharam que capturava o espírito da música; a Charisma Records também ficou muito satisfeita com o que viu, assim como o empresário. Mas a reação dos fãs foi interessante: tinha gente que ficava genuinamente chocada com o que via na capa.

“Você pode imaginar como era naquela época para quem [ia a uma loja e] percorria os discos tranquilamente. Eles ficaram passando pelos discos em sua loja local até que se deparavam com essa imagem! Aquilo causou um grande alvoroço naquela época. Claro, isso foi antes dos filmes de terror se tornarem populares. Agora, a capa não teria mais esse tipo de reação. Mas em 1971, realmente foi considerada controversa.”

Na capa, vê-se pelo chão pequenas cabeças decapitadas, que poderiam ser consideradas de bonecas — mas também poderiam ser consideradas de crianças.

“Todas aquelas cabeças em um gramado de críquete… foi estranho, porque na época eu não pintei aquilo por qualquer outro motivo além de representar a música. Eu não fazia ideia de que seria tão polêmico.”


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André Garcia

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