É verdade que John Paul Jones quase saiu do Led Zeppelin em 1973?
O Led Zeppelin é uma dessas bandas que teve apenas uma única formação, e que não dá para imaginá-la com qualquer um de seus membros substituídos. Tanto que quando John Bonham morreu, em questão de dias os membros remanescentes anunciaram que era o fim. Eles nem tentaram arrumar outro baterista — nem sequer consideraram a hipótese.
Apesar disso, teve uma época que a banda passou perto de perder seu membro mais técnico: baixista John Paul Jones. No quesito formação musical, enquanto os outros três eram autodidatas e intuitivos, Jones era o mais estudado. Desde antes da formação da banda, quando ainda era músico de estúdio, ele tocava não só baixo como também piano. Mais que isso, ele era perfeitamente capaz de escrever arranjos dos mais diversos, e até mesmo reger uma orquestra, se necessário fosse.
Só que ele também foi o que mais sentiu a pressão quando a banda ficou gigante em 1973, período em que cogitou deixá-la em busca de uma vida mais tranquila e estável. Conforme publicado pela Cheat Sheet, em 2007 ele confessou à Mojo:
“Estávamos todos muito cansados e sob pressão, e tudo simplesmente chegou a um ponto crítico. Eu não queria prejudicar o grupo, mas também não queria que minha família se desintegrasse. Para mim, a banda seria algo divertido por alguns poucos anos. Eu precisava fazer algo musicalmente livre, divertido e libertador [como o Led Zeppelin] […] mas depois voltaria para a carreira mais séria no estúdio.”
John Paul Jones levou ao empresário Peter Grant, considerado o quinto membro da banda, seu desejo de sair dela. Grant o convenceu a tirar algumas semanas de folga e tomar uma decisão futuramente, com a cabeça mais fria. Enquanto isso, ele transmitiu à mídia que o baixista se recuperava de um burnout para abafar os rumores de sua saída. A estratégia deu certo, e Jones eventualmente mudou de ideia.
Grant certa vez relembrou:
“Foi a pressão. Jones era um homem de família, sabe. Naquela época, a questão da segurança nos EUA estava ficando ridícula. Começamos a receber ameaças de morte. Eu contei a Jimmy [que John queria sair], e ele não conseguia acreditar. Jones nunca imaginou que o Led Zeppelin manteria tanto sucesso por tanto tempo. Eventualmente, acho que ele percebeu que estava fazendo algo que realmente amava. Nunca discutimos aquilo novamente.”
John Paul Jones influenciou o Pearl Jam a usar baixo sem trastes
Em clássicos como “Ramble On”, “What Is and What Should Never Be” e “In My Time of Dying”, John Paul Jones surpreendeu com a fluída e deslizante sonoridade de um baixo sem trastes. Em entrevista de 2020 para a Bass Player, o baixista Jeff Ament contou que aquilo o influenciou a também usar baixo sem trastes em clássicos do Pearl Jam, como “Oceans”, “Daughter” e “Even Flow”:
“Stone [Gossard, guitarrista] estava sempre compondo de uma perspectiva meio Led Zeppelin, então ver como [baixo] sem trastes funcionaria naquele cenário era sempre empolgante. Mesmo no ‘Gigaton’ [de 2020] tem [baixo] sem trastes em umas músicas. E no que eu tenho composto nos últimos três meses, venho tentando usar ele mais, porque eu considero um instrumento muito subutilizado.”