Eric Clapton explica a origem de sua preferência por guitarras Fender Stratocaster
Há guitarristas que parecem personificar o instrumento que tocam. Assim é Jimmy Page e Slash com guitarras Les Paul; Angus Young e Tony Iommi com o modelo SG; e David Gilmour e Jimi Hendrix com a Stratocaster.
Eric Clapton também é muito relacionado à Stratocaster — afinal de contas, já está as usando há meio século —, mas nem sempre essa foi sua preferência.
Quando surgiu na cena londrina na primeira metade dos anos 60, como guitarrista do Yardbirds, Clapton tocava Fender Telecaster; quando tocou nos Blueabreakers, ele usou uma Gibson Les Paul (roubada após o único álbum que gravou na banda); no Cream, ele tocava sua icônica Gibson SG psicodelicamente colorida.
A partir dos anos 70, por meio século ele se tornou sinônimo da Fender Stratocaster — e vice-versa. Mas qual foi a origem dessa escolha?
Eric Clapton e seu amor pela Fender Stratocaster
Conforme publicado pela Far Out Magazine, o Slow Hand contou ao Daily Mail em 2014:
“A transição de uma guitarra para outra pode ocorrer de diversas maneiras. Pode ser desencadeada pela necessidade de ouvir um som diferente, ou por ter visto (ou ouvido) alguém tocando uma guitarra que desejo emular. Ou ainda, estou ouvindo uma música e penso: ‘Eu quero uma dessas; gosto do som que ela tem no disco’.”
“O lado musical aliado à imagem governa essa escolha. A imagem sempre desempenha um grande papel, mesmo que seja relativa a uma época específica. Frequentemente, começo com uma visão ampla do que estou procurando e, em seguida, a estreito para a que acredito que será mais útil para mim ou com a qual estou mais confortável.”
“Tenho um olhar bastante apurado para guitarras. Gosto de pesquisar coisas pelas quais tenho paixão, como pintura ou música. Se me interesso por guitarras da Gibson, quero saber tudo sobre o auge de sua produção: em que período estavam sendo feitas da melhor maneira e qual era a filosofia da empresa naquela época.”
Das muitas Fender Stratocaster que ele já tocou, a mais icônica foi a preta que apelidou Blackie. Durante muitos anos, a Blackie esteve para ele como a Lucille estava para B. B. King. Clapton revelou a origem dela:
“A guitarra que escolhi para meu retorno à gravação foi uma que eu mesmo construí. Quando estava em turnê com o [Derek and the] Dominos, entrei na Sho-Bud em Nashville, que tinha um monte de Strats de segunda mão nos fundos da loja. Senti como se tivesse encontrado uma mina de ouro. Quando cheguei em casa, dei uma para Steve Winwood, uma para Pete Townshend, outra para George Harrison e fiquei com o resto.”
“Peguei os melhores componentes das outras quatro e os coloquei em uma só. Foi assim que surgiu a Blackie. Há algo de mágico nessa guitarra. Eu me apego seriamente a um instrumento; senti que a Blackie havia se tornado parte de mim. Uma guitarra como a Blackie surge talvez uma vez na vida. Toquei com ela incessantemente por 12 anos na estrada.”
Eric Clapton já arriscou a vida para salvar suas guitarras
Conforme publicado pela Far Out Magazine, em 25 de maio de 1996, o Slow Hand chegou em sua casa, em Londres, e encontrou o andar de cima tomado por chamas. Desesperado, enfrentou as chamas para salvar suas guitarras — e havia cerca de 30 delas!
“Eu abri a porta da frente e a fumaceira saiu. A primeira coisa que eu fiz foi pegar minhas guitarras. Nenhuma delas foi danificada. Eu percebi que tinha uma que eu simplesmente não podia perder […] É uma guitarra que fica pela minha casa há anos, e que eu toco em momentos de grande estresse. Como se fosse de estimação.”