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AC/DC: Todos os álbuns da fase Bon Scott comentados por Malcolm Young

AC/DC: Todos os álbuns da fase Bon Scott comentados por Malcolm Young
Malcolm Young em foto de Gretsch Guitars

Co-fundador, guitarrista base, líder e riffmaker do AC/DC, Malcolm Young passou toda a vida sendo ofuscado pelo irmão Angus. Quem conhece a banda um pouco mais a fundo, entretanto, sabe bem da importância que ele teve — desde a formação dela até sua morte.

Em entrevista de 1992 para a Classic Rock, ele comentou a discografia do AC/DC. Abaixo você confere seus comentários sobre os álbuns da era Bon Scott; ou seja, do “Highway to Hell” para trás:

High Voltage (1976)

“A versão que saiu na Grã-Bretanha era uma mistura de músicas de nossos dois primeiros álbuns australianos, ‘High Voltage’ e ‘T.N.T.’. ‘T.N.T.’ é uma música que ainda faz muito sucesso toda vez que tocamos. Parece que poderia ter sido lançada hoje. Você sabia que ainda tem banda tentando escrever outra ‘T.N.T.’ hoje em dia?”

“‘Live Wire’ e ‘It’s A Long Way To The Top’ surgiram quase imediatamente no estúdio. Quando tocávamos ao vivo naquela época, costumávamos improvisar muito no palco porque tínhamos muito pouco material original. […] E os riffs de ‘Live Wire’ e ‘It’s A Long Way To The Top’ surgiram dessas improvisações. Naquela época, nunca entrávamos no estúdio com mais do que um riff. Na verdade, achávamos que um riff era uma música.”


Dirty Deeds Done Dirt Cheap (1976)

“Não tínhamos muito tempo para fazer aquele álbum. Após ‘High Voltage’, parecia que estávamos sempre em turnê. Assinamos o contrato para ir à Inglaterra e, assim que concluímos a turnê, nos disseram que tínhamos que fazer outro álbum. Fomos direto para o estúdio depois do show da noite para criar algumas ideias novas.”

“Foi Angus que teve a ideia do título da música ‘Dirty Deeds Done Dirt Cheap’. Era baseado em um personagem [Dishonest John] do desenho animado [‘Beany And Cecil’] que tinha essa frase como seu cartão de visita. Então, Bon veio com o verso ‘I’m dirty, mean, mighty unclean’ de um anúncio de spray contra mosquitos que estava passando na TV australiana na época. Sim, sempre fomos uma banda muito antenada. Estávamos de olho no que estava acontecendo no mundo [risos].

“‘Big Balls’ foi a outra que se destaca naquele álbum. Era apenas uma piada, uma brincadeira. Precisávamos completar o álbum, alguém teve a ideia de uma rumba ou um tango, e Bon começou a escrever aquelas coisas hilárias. Bon adorava uma insinuação, e andava obcecado com suas bolas.”


Let There Be Rock (1977)

“Esse foi matador! Acho que estávamos ficando um pouco mais sérios e queríamos obter um som mais cru e acabar com aqueles coros comerciais, como em ‘T.N.T.’. Sabíamos exatamente o que queríamos, que eram três faixas realmente fortes ao vivo para complementar o set.”

“‘Whole Lotta Rosie’ estava naquele álbum, não estava? Sabíamos que era sucesso garantido. ‘Bad Boy Boogie’ e ‘Let There Be Rock’ eram as outras duas que achávamos que iam durar no palco. Essas três ofuscaram a maioria das outras músicas do álbum e acabaram no repertório ao vivo por anos.”


Powerage (1978)

“Aquele álbum foi mais do mesmo, exceto que nosso baixista original, Mark Evans, saiu e Cliff [Williams] entrou. Estávamos felizes em ficar na mesma área de ‘Let There Be Rock’, porque todas aquelas músicas estavam indo muito bem no palco. ‘Sin City’ foi a grande faixa em ‘Powerage’, e ainda estamos aproveitando ela até hoje.”

“Na verdade, a gravadora estava começando a nos pressionar por singles de sucesso, e estávamos simplesmente nos firmando e indo em frente. No entanto, demos a eles ‘Rock’n’Roll Damnation’, que entrou nas paradas.”


If You Want Blood You’ve Got It (1978)

“‘If You Want Blood’ representava exatamente onde estávamos naquele estágio de nossa carreira. Esse álbum [ao vivo] resumiu perfeitamente a banda, e foi gravado em um dos melhores shows daquela turnê no Glasgow Apollo. Para dizer a verdade, eu não o ouço há anos, mas vi trechos na TV tocando algumas daquelas músicas e me lembrou de como a banda soava bem na época.”

“‘Whole Lotta Rosie’ e ‘Let There Be Rock’ estavam sendo muito bem recebidas naquela época, e é claro que tínhamos a nova versão de ‘The Jack’, que tinha se tornado realmente suja e era a especialidade de Bon.”


Highway To Hell (1979)

“[‘Highway to Hell’] foi uma mudança definitiva para o AC/DC. A Atlantic Records nos Estados Unidos estava insatisfeita porque não conseguia colocar a banda nas rádios, e eles estavam desesperados para que criássemos algo mais acessível. Como já tínhamos feito as coisas do nosso jeito por alguns álbuns, então pensamos: vamos dar a eles o que querem e deixar todos felizes.”

“Naquela época, [o produtor] Mutt Lange ainda era desconhecido […]. Mutt parecia entender de música e cuidava do lado comercial, enquanto nós cuidávamos dos riffs. De alguma forma conseguimos chegar a um meio-termo sem parecer que tínhamos comprometido nossa identidade. Na verdade, nem tinha como recuar em nada: a gente era uma banda bem difícil para qualquer produtor trabalhar. ‘Touch Too Much’ foi um sucesso desse álbum, mas a que se destaca acima de tudo é a faixa-título.”

“Depois de ‘Highway To Hell’, alguns críticos começaram a perceber que Bon tinha talento. Então, quando ele morreu, de repente todos estavam dizendo o quão grande intérprete ele tinha sido. E esses eram os mesmos caras que, dois anos antes, estavam dizendo que nos sairíamos muito melhor com um vocalista que não gritasse o tempo todo. Estavam dizendo que deveríamos largar Bon e arrumar alguém como David Coverdale!” 

“O que me machucou mais do que qualquer coisa foi que Bon nunca recebeu o reconhecimento merecido enquanto estava vivo.”

Confira aqui a segunda parte da entrevista, onde ele comenta os álbuns da fase Brian Johnson (até 1992).


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André Garcia

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