U2: Bono relembra como uma “estranha experiência” ter conhecido Ian Curtis

Quando foi formado, no final dos anos 70, o U2 despontou como o principal nome do post punk na Irlanda. Naquela época, as maiores influências de Bono foram os vocalistas pioneiros do gênero na Inglaterra: Siouxsie Sioux (Siouxsie & The Banshees) e Ian Curtis (Joy Division).

Ian Curtis sofria de depressão e epilepsia em uma época em que patologias mentais ainda eram estigmatizadas e tinham tratamentos precários. Ele transformava em arte o tormento provocado por seus demônios, cantando com voz grave e gélida suas letras poeticamente melancólicas — diretamente do porão da alma. 

Conforme publicado pela Far Out Magazine, em março de 1980 Bono foi a Manchester encontrar o produtor do Joy Division, Martin Hannett, para sondar se ele toparia gravar o novo single do U2,  “11 O’Clock Tick Tock”. O encontro aconteceu no Pennine Studios, onde o Joy Division estava gravando aquele que viria a ser seu maior hit, “Love Will Tear Us Apart”.

O encontro entre Bono e Ian Curtis

Bono conheceu Curtis pessoalmente, e posteriormente relembrou a experiência como “estranha”:

“Falar com Ian Curtis é — ou foi — uma experiência estranha porque ele era muito acolhedor. Quando falava, era como se houvesse duas pessoas dentro dele. Ele falava de um jeito leve, muito educado; mas quando ia para trás do microfone, ele realmente se transformava, tinha outra energia. Parecia que ele era duas pessoas e, sabe, em ‘Love Will Tear Us Apart’, era como se […] as personalidades que estavam separadas, lá tivessem sido rasgadas.”

No começo dos anos 90, o U2 estava em sua fase mais cínica e vanguardista, após o lançamento de “Achtung Baby” (1991). Em vídeo daquela época disponível no YouTube, Bono fez um breve comentário sobre o Joy Division:

“A sagrada voz de Ian Curtis. A gente amava aquele cara, e a gente amava a banda. Eles foram a origem da espécie que viria a se tornar o gótico.”

U2: Nos anos 70, Bono Vox escondia gostar de ABBA para parecer “macho”

Conforme publicado pelo The Guardian, o vocalista do U2 confessou que curtia ABBA, “mas tinha aquela coisa de ser macho”: 

“[Eu pensava] ‘Eu é que não vou apoiar o ABBA!’ Mas, vou te contar, eles tinham as melhores músicas. Não dá para levar as coisas a ferro e fogo na arte. […] Quando um pub estava para fechar, geralmente moças cantavam ‘Thank You for the Music’, e eu cantava também, eu estava muito grato pela música. Mas eu ficava, tipo, ‘Que fenômeno é esse?’ […] ‘Qual é a desse tal de ABBA?'”