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Steve Jones, guitarrista dos Sex Pistols, comenta oito faixas do “Never Mind the Bollocks”

Steve Jones, guitarrista dos Sex Pistols, comenta oito faixas do “Never Mind the Bollocks”
"Never Mind the Bollocks", do Sex Pistols, em vinil

Sex Pistols possui uma trajetória tão efêmera quanto impactante, como nenhuma outra na história do rock. A banda foi formada em 1975, lançou deu único álbum em — “Never Mind the Bollocks” em 1977, e implodiu no ano seguinte. Até tiveram umas reuniões, mas não há dúvidas de que o Sex Pistols só é o que é pelo que fez entre 1976 e 78. 

“Never Mind the Bollocks” é até hoje considerado um dos mais bombásticos e influentes álbuns de estreia de todos os tempos. Um dos discos que deram origem ao punk rock, redefiniu a forma de se fazer rock, e  até hoje empodera músicos iniciantes e inspira o surgimento de novas bandas.

Conforme publicado pela Louder, em 2017 para a Total Guitar o guitarrista Steve Jones comentou oito das principais faixas de sua obra-prima:

Holidays In The Sun

“Essa surgiu quando fomos para Berlim. Ficamos lá por uma semana para aliviar a pressão, pois estávamos nos metendo em muito problema saindo em em Londres. Liricamente, foi inspirada no Muro de Berlim. Sid [Vicious já] estava na banda na época, mas infelizmente não tocou nela. Eu toquei baixo na maioria do ‘Never Mind The Bollocks’.” 

“Eu e Cookie [o baterista Paul Cook] gravávamos a base, às vezes John [Johnny Rotten] estava lá cantando, às vezes não. Então eu gravava o baixo e construía a faixa com algumas guitarras aqui e ali. Eu só tocava oitavas no baixo com alguns pequenos riffs aqui e ali, bem básico.”


Bodies

“Há duas partes [na introdução]: uma guitarra fazendo as notas mais graves e outra guitarra só dobrando na corda mi com uma afinação mais alta. Eu só queria criar uma atmosfera assombrosa no início. Não faço ideia de onde veio aquilo, simplesmente me passou pela cabeça na hora. É uma das minhas favoritas; é uma das músicas mais pesadas do álbum. Nem dei ouvidos à letra; não sou letrista, dejeito nenhum, me ligo mais em melodia e acordes. Eu até sabia do que ela se tratava, mas nem prestei atenção.”


No Feelings

“Se você ouvir, é uma música pop. Eu escrevi a música, mas o Bananarama a fez um cover com ela soando como uma música pop. É ótimo de tocar. Eu sou fã de rock n roll, amo os anos 50: Jerry Lee Lewis, Eddie Cochran, Chuck Berry… [Eles foram] minha formação na guitarra, toda aquela música estava na minha cabeça enquanto eu crescia. The Faces, [David] Bowie com Mick Ronson, Mott The Hoople… minhas influências eram essas, então qualquer coisa que saísse do [Never Mind], era graças a essas bandas. Wu não conseguia tocar muito bem, então saiu do jeito que saiu.”


God Save The Queen

“O riff do [baixista original dos Sex Pistols, Glen] Matlock. A gente ia para o estúdio e ele aparecia com um riff que soava completamente diferente do que acabaria sendo. [O riff original] era muito fraco e estranho, e não tinha muito a ver; mas quando peguei os riffs dele, os converti para o meu estilo, e aquilo soou muito mais feijão-com-arroz.”

“Quando gravamos, eu sabia que tínhamos algo especial, porque aquilo tinha todos os elementos de uma ótima música de rock. Rolou uma reação dos monarquistas — eles acharam que estávamos debochando da Rainha. Posso entender como isso era um problema para algumas pessoas naquela época. Ficou pesado em certas partes.” 

“Liricamente, é genial, dizendo à Rainha o que ela fez com você. Não era apenas uma banda de rock: ficou política e foi ofensivo para muitas pessoas. É uma música pop perfeita de três minutos e pouco.”


Anarchy In The UK

“Fizemos essa durante os ensaios enquanto John estava no canto pensando na letra. Gosto do fato de ter dois solos de guitarra. De todos os singles dos Pistols, esse foi o mais lento. Se você quisesse associar o ‘punk’ a isso, não é uma faixa rápida; é descontraída, quase como Booker T & The MGs. Há muitas camadas [de guitarra] nela, nem me lembro quantas. Usei um daqueles MXR Phase 90 em uma das bases também.”

“Na época, [o produtor] Chris Thomas ficava me dizendo para afinar, e aquilo me deixava puto, mas, olhando para trás, fico feliz por ele ter feito aquilo. Fico feliz por termos dedicado um tempo naquilo. Acho que é isso que torna o álbum dos Pistols diferente de The Clash ou The Damned: não simplesmente entramos lá e fizemos um estardalhaço.”


Submission

“O riff é basicamente como The Doors ou The Kinks; não está no estilo [punk]. Mas, o que veio primeiro: o Sex Pistols ou o termo punk? Estávamos lá no começo. Fizemos daquele jeito, depois as bandas chegaram e disseram ‘Isso não é punk, isso é muito lento’. Estávamos só tocando do nosso jeito, não estávamos tentando ser nada. A maioria das pessoas ainda entende errado, mesmo 30 anos depois daquele conceito original.”

“Antes de fazermos qualquer show, fizemos o álbum ‘Spunk’ [uma demo] com Dave Goodman. ‘Submission’ foi uma clássica daquilo. Fizemos três músicas com [o guitarrista Chris Spedding] e foi apressado. Parecia muito clínico. Eu gosto de Chris Spedding como guitarrista. Infelizmente, há uma lenda [de que] ele tocou todas as guitarras no álbum [‘Never Mind’]. Às vezes até digo que sim, foi ele que tocou — só para manter o mito vivo.”


Pretty Vacant

“Glen criou a introdução para essa. Ele não é um guitarrista — ele até acha que é, mas ele não é bom. Ele teve algumas boas ideias de riffs, e ‘Pretty Vacant’ é um riff clássico, mas se tivesse sido ele tocando guitarra nela, não teria sido a música que foi. Ele é um baixista muito melhor do que eu, mas isso é algo que pode ser omitido um pouco mais.”


EMI

“Essa é mais um dos meus riffs. Ela tem alguns acordes menores antes do solo, o que foi estranho para mim, porque na época eu não sabia muito bem como tocar acordes menores. Tudo era basicamente acordes de pestana e acordes maiores. Foi tudo [gravado] em um Fender Twin, pelo que me lembro. Era um Twin especial que tinha alto-falantes Gauss que o tinham muito médio e não era tão agudo. Eu também tinha algumas Gibson Les Paul: tinha uma Les Paul preta [1954 Custom] e a minha Les Paul branca [1974].”


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André Garcia

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