Rota 54 lança single “Quando as Estrelas Caem”: Um grito em prol da Palestina para fins beneficentes

Rota 54 lança single “Quando as Estrelas Caem”: Um grito em prol da Palestina para fins beneficentes
Capa do single "Quando as Estremas Caem", do Rota 54

Diretamente da cena punk rock de São Paulo, os veteranos do Rota 54 lançam um novo single, mais politicamente engajados que nunca. “Quando as estrelas caem” foi composta para a coletânea inglesa “Never Again” com uma letra que fala do massacre produzido pela guerra da Palestina. 

Levando o discurso do campo das ideias para o mundo real, todo o dinheiro arrecadado com as vendas do disco será destinado ao MAP (Medical Aid for Palestinians) — que presta serviço humanitário atuando na assistência médica na Faixa de Gaza.

Louvável e estiloso. O álbum, duplo, conta com uma arte gráfica caprichada, inspiradas nos fanzines xerocados das antigas; além do vinil para lá de estiloso!

Capa da compilação "Never Again", em vinil
Capa da compilação “Never Again”, em vinil

Um grito em prol da Palestina

A música já na introdução traz uma espécie de rock médio-oriental, como uma ambientação para a letra, que fala da guerra entre Israel e Palestina de forma frontal, sem aliviar com metáforas ou simbolismos. Crimes como tortura e o genocídio não lesam só as pessoas que vitimam, mas à humanidade como todo. 

A letra propõe uma camada extra de empatia pelos paralelos entre a dura vida dos palestinos e a dos brasileiros que vivem sob a opressão das autoridades e descaso do governo. É um apelo à empatia em tempos em que tragédias viram entretenimento nos esgotos das redes sociais, onde acaba politizado da forma mais grotesca, oportunista e baixa.

Gostei e como as camadas de guitarra se sobrepõem e entrelaçam sem sacrificar a definição das diferentes melodias complementares. A seguir entra o punk, e tive a impressão de que a peculiar sonoridade da introdução determinou a sonoridade do verso e do refrão.  

Uma sonoridade tão cáustica quanto a mensagem

A mixagem está bem punk, bem crua, com todos os instrumentos formando uma única massa sonora. Meus ouvidos sentiram falta de que a música ocupasse mais as frequências graves com as guitarras mais gordas, já que o baixo está mais na frequência média. 

A distorção da guitarra ficou muito nas frequências agudas, o que abrasivo a meus ouvidos. O som chiado do S no vocal estar na frequência mais aguda também contribui com essa abrasividade. O baixo na introdução, os backing vocals no refrão e os pratos poderiam ter sido mixados um pouco mais altos. Deve ganhar bastante ao vivo, com a galera em coro no refrão.

A composição é bem direta ao ponto: é basicamente introdução, verso e refrão repetidos. Como se trata de uma música feita para transmitir uma mensagem, é compreensível a escolha de não distrair o ouvinte da mensagem com estruturas musicais mais ousadas. Tem cara de single. 

Se você curte o punk rock com a pegada de São Paulo e foi tocado pela crise humanitária imposta ao povo da Palestina, recomendo esta música para você.

Ainda não acabou!

Lembrando que “Quando as Estrelas Caem” não é o primeiro lançamento do ano do Rota 54: mais cedo eles lançaram o “15 Anos Ao Vivo”. Como o nome já diz, é um álbum ao vivo comemorando seus 15 anos de estrada. Portanto, se você quer conhecer a banda, a porta de entrada é essa!

Uma curiosidade é que eu estava lá, mas não estava. A gravação foi no Red Star Studios, em Pinheiros. O show foi noite, e durante a tarde rolou na área externa a Feira do Cachorro Louco II — onde eu estava expondo fanzines. Infelizmente não fiquei para o show porque estava muito cansado e tinha feito um calor infernal. A ideia era eu ter assistido e escrito uma resenha.

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André Garcia

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