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Produtor Bob Ezrin conta como usou filme de Marlon Brando para influenciar o Kiss

Produtor Bob Ezrin conta como usou filme de Marlon Brando para influenciar o Kiss
"Destroyer" (1976), do Kiss, em vinil

Fora os membros da banda, uma das pessoas mais importantes em todo o processo de gravação de um álbum é o produtor musical. Os grandes produtores possuem a virtude interagir criativamente com os músicos, os direcionar como um cineasta, e os instruir e motivar como um técnico de futebol. 

Há até aqueles que possuem uma relação tão extensa e profunda com a banda que se tornam praticamente um membro extra dela: George Martin com os Beatles; Brian Eno com o U2; e Rick Rubin com meio-mundo. 

O produtor Bob Erzin — que já trabalhou com nomes como Pink Floyd, Alice Cooper, Lou Reed e Jimi Hendrix — foi decisivo para mudar a rota artística do Kiss e o levar ao mainstream com “Destroyer” (1976). Em entrevista para a Classic Rock, ele contou como usou o filme O Selvagem, estrelado por Marlon Brando em 1953, para convencer a banda a mudar:

“O objetivo de ‘Destroyer’, do meu ponto de vista, era fazer [o Kiss] deixar de ser apenas uma banda de rock que atrai jovens de 15 anos com hormônios à flor da pele e mais ninguém. Quando nos conhecemos, eu disse a eles: vocês sabem, há um filme famoso dos anos 50 chamado ‘The Wild One’ com Marlon Brando e Lee Marvin. Eram dois clubes de motociclistas em guerra. Todos eram maus, ninguém prestava.”

“A questão é que Lee Marvin era monocromático, vestido de preto, um cara muito mau. Lee Marvin era simplesmente desagradável; enquanto Marlon Brando tinha algo um pouco vulnerável, um pouco mais humano. A garota […] — uma moça adorável, cristã e comportada, virgem — ela via algo […] no personagem de Marlon Brando, por quem ela se apaixonava.”

“Então eu disse a eles: ‘No momento, vocês são o Lee Marvin. E isso é um limite. Nunca vamos atingir um público amplo assim. […] Queremos expandir para que toda garota na América olhe para vocês e pense: ‘Eu posso mudar ele. Eu o amo e vou mudar ele’. Porque é isso que as garotas fazem. [O Kiss] era meio pinto e bolas, meio arrogante.” 

Decisivo para a guinada dada pelo Kiss no “Destroyer” foi o lançamento de balada “Beth”. Com o baterista Peter Criss cantando um pedido de perdão à sua esposa sobre um arranjo orquestrado, foi um de seus maiores sucessos.

Sobre ela, Ezrin disse:

“Eu sabia que seria um sucesso, mas o resto da banda não achava que representava o Kiss; e na época não representava mesmo. Não era o Kiss como as pessoas os conheciam, mas representava o Kiss do ‘Destroyer’.”


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André Garcia

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