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Para o produtor do álbum de estreia do Pink Floyd, as gravações foram “um inferno”

Para o produtor do álbum de estreia do Pink Floyd, as gravações foram “um inferno”
"The Piper at the Gates of Dawn" em vinil

De sua formação até 1968, o Pink Floyd era liderado pelo gênio louco Syd Barrett — seu vocalista, guitarrista e principal compositor. Sua saída da banda se deu pelo comportamento cada vez mais imprevisível e errático: além de autista e bipolar, ele ainda tinha pré-disposição à esquizofrenia, mas pouco se dava atenção a esse tipo de coisas.

O consumo desenfreado de LSD e a vida na estrada ofereceram as condições ideais para seu declínio mental. Em março de 1967, no entanto, quando a banda começou a trabalhar em seu álbum de estreia, ele estava em seu auge criativo. 

Parecia que o cenário era o mais ideal: a gravadora era a mesma dos Beatles (EMI), o estúdio era o mesmo (Abbey Road) e, como se não bastasse, o produtor era Norman Smith — engenheiro-chefe de todos os álbuns dos Beatles até Rubber Soul. Tinha tudo para ser um paraíso, mas, segundo o produtor, as gravações foram “um inferno”. O motivo? A volátil imprevisibilidade de Syd Barrett.

“Não há lembranças agradáveis”

Conforme publicado no livro The Dark Side of the Moon – Os Bastidores Da Obra-prima do Pink Floyd, Norman relembrou:

“Não há lembranças agradáveis. Eu sempre saía com dor de cabeça. Syd era indisciplinado, jamais tocava a mesma coisa duas vezes. Tentar falar com ele era como conversar com uma parede de tijolos, pois seu rosto não demonstrava qualquer expressão… Era como uma criança em muitos aspectos: para cima num minuto, para baixo no outro.”

Conforme publicado pela Guitar World, ​em sua autobiografia, John Lennon Called Me Normal, Norman Smith também relembrou Syd Barrett e as gravações do primeiro disco do Pink Floyd:

“Percebi com o tempo que Syd realmente e sinceramente, na minha opinião, não sentia nenhum prazer com a gravação. O lance de Syd era escrever aquelas músicas, ir a um clube underground (ou algo do tipo) e tocar aquelas músicas. Aquilo era tudo para ele.”

Quanto a seu rompimento com os Beatles em 1965, ele relembrou:

“Eu não fiquei chateado por deixar os Beatles e me tornar um produtor. Eu podia ver que as coisas não estavam indo tão bem naquele momento com eles. Tivemos um tempo muito feliz antes, mas naquele ponto, não estava mais tão feliz.”


Em 1967, o Pink Floyd foi acusado de estar “matando o pop”

Conforme resgatado pelo canal Yesterday’s Papers, no YouTube, a edição da Melody Maker de 30 de dezembro de 1967 trouxe uma questão pra lá de curiosa. Um fã que assistiu a um show da turnê do Pink Floyd com Jimi Hendrix escreveu: 

“Que monte de lixo enfadonho o Pink Floyd se mostrou na turnê com Jimi Hendrix. Todas aquelas porcarias de luzes e aquela dolorosa barulheira me deixaram enjoado. Se há algo capaz de matar a música pop, é esse tipo de insulto sem sentido! Graças a Deus algumas pessoas tiveram o bom senso de caçoar de sua pueril apresentação.”


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André Garcia

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