Ozzy Osbourne: Qual é a origem de seu sinistro apelido “Príncipe das Trevas”?

Muitas coisas compõem a aura mítica de um rockstar, entre elas, seu apelido. Há no rock apelidos que se tornaram praticamente um segundo nome: David Bowie era o Camaleão do Rock; Rob Halford o Metal God; os Beatles, Fab Four; Eric Clapton, Slow Hand; Steven Tyler e Joe Perry, Gêmeos Químicos; Neil Peart, Professor; Sammy Hagar, Red Rocker…

Mas nenhuma dessas alcunhas pegou como Príncipe das Trevas grudou em Ozzy Osbourne, já desde seus primeiros anos de Black Sabbath. Por sua sonoridade, estética e temática, a banda foi a principal responsável pela eterna associação feita entre o heavy metal e o satanismo. Conforme publicado pela Noise Creep, entretanto, esse nome é muito, mas muito mais antigo.

“Príncipe das Trevas” é a tradução do latim “princeps tenebrarum,” que consta em diversas escrituras datadas entre o século IV e XII. O renomado poeta britânico John Milton usou a expressão traduzida para o inglês em um de seus poemas escritos em 1667, Lost Paradise, onde se refere a Satã como Príncipe das Trevas. 

A quem, assim, o Príncipe das Trevas respondeu com alegria:
Ó bela filha, e vós, filho e neto ao mesmo tempo;
Vosso alto feito agora tendes demonstrado ser da estirpe
De Satanás (pois eu me orgulho deste nome,
Antagonista do Rei Todo-Poderoso do Céu),
Muito tendes merecido de mim, de todos
No império infernal, estando tão próximos da porta do Céu.

Portanto, Príncipe das Trevas ao longo dos anos se tornou um dos epítetos de Lúcifer. Até o começo da década de 70 do ano passado, quando se popularizou como o principal apelido de Ozzy Osbourne. 

Em entrevista de 2016 para a NME, Ozzy relembrou que músicas sinistras e letras sombrias do Blac Sabbath — como a arrepiante faixa que deu nome à banda — fizeram com que eles logo fossem considerados satanistas até pelos próprios satanistas:

“Consideravam a gente amigos do Satanás ou algo do gênero. Foi aí que toda essa história de Príncipe das Trevas começou. Quando as pessoas ficam animadas com a chegada do Halloween todo ano, tudo o que penso é: ‘Com a gente era Halloween toda p*rra de noite.'”

Em outra entrevista, esta para a Broward New Times, o vocalista, católico, comentou como se sente em relação a tal apelido — que grudou nele ao longo de toda sua carreira:

“É só um nome. Eu não acordei uma manhã e disse, ‘Sabe de uma coisa, vou me chamar de…’ Começou como um nome de brincadeira, na verdade. Está tudo bem, sabe? É melhor do que ser chamado de arrombado.”

O dia que o Black Sabbath foi amaldiçoado por uma seita satânica

Nos anos 70, o Black Sabbath chamava atenção pelo fato de todos os seus integrantes usarem pendurado no pescoço um grande crucifixo metálico.

Conforme publicado pela Far Out Magazine, o baixista Geezer Butler revelou que aquilo tinha a ver com um dia em que a banda foi amaldiçoada por satanistas:

“Tinha uma seita de magia negra que queria que tocássemos no círculo de pedra. Nós recusamos. Éramos meio que contra Satã, de forma que não tínhamos intenção de promovê-lo. Então eles supostamente nos amaldiçoaram. A líder dos bruxos de magia branca ligou para nosso agente e disse que havíamos sido amaldiçoados. [Ela disse que] tínhamos que usar crucifixos que ela faria um ritual.”

“Hoje isso soa tão piegas! É por isso que começamos a usar crucifixos — porque o [Black] Sabbath estava com medo da maldição! O pai do Ozzy que fez eles para a gente. Ele trabalhava numa metalúrgica fazendo peças de carro, então ele fez umas cruzes grandes para a gente com o metal que sobrava”