Camarada Garcia Recomenda #11 – Cinco recomendações musicais aleatórias
Aqui estão cinco músicas aleatórias que, se você não conhece, deveria. Músicas (ou versões) que julgo não serem muito conhecidas (ou pelo menos não conhecidas o bastante), e que fazem parte da trilha sonora da minha vida (e podem fazer parte da sua também).
Imitation of Life – R.E.M.
Um dos clipes mais geniais de todos, foi gravado em apenas 20 segundos — rebobinados e repetidos em loop. A tela vai dando zoom para mostrar o que cada pessoa estava fazendo, e ao longo de toda a música novos detalhes vão sendo revelados. Sou admirador de coisas que dizem muito sem dizer nada.
Ele só envelheceu mal pela resolução borrada, que parece um gif com áudio. Eu adoraria que relançassem em HD, mas acredito que seja uma questão de como ele foi filmado em 2001.
A música é muito boa e cria uma baita atmosfera, é uma daquelas que você nem precisa entender a letra para sentir. A melodia vocal é ótima, principalmente o refrão, que entrega uma catarse em suas notas mais agudas, sabiamente dosadas. Baita composição.
Emmaretta – Deep Purple
Quando se fala de Deep Purple, logo se pensa na formação que gravou “Smoke on the Water”. Aquela foi, na verdade, a segunda formação. A primeira não fez sucesso, mas teve lá seus bons momentos, como a música “Hush”.
Outra grande música daquela época é “Emmaretta” — uma das minhas favoritas, em muito pelo uso de wah wah e o solo de Ritchie Blackmore. Considero sua primeira exibição de genialidade. Recomendo ouvir o solo acompanhando a pisada no pedal para entender do que estou falando.
Who’s Gonna Stand Up (Solo) – Neil Young
Neil Young lançou umas baita obras-primas no final dos anos 60 e começo da década seguinte, depois se especializou em altos e baixos. Prolífico que só, às vezes até dá uma sumida, mas do nada aparece com um novo álbum. Nem todos os seus últimos lançamentos me agradaram, mas alguns tem pontos altos bem altos.
Um exemplo é esta música, de 2014, que entra para minha lista de favoritas de toda a carreira do homem mais temperamental do Canadá. Eu odeio Neil Young por ter me feito viver meus últimos* anos sem poder ouvir as músicas dele no Spotify.
* últimos anos no sentido de mais recentes, não no sentido de finais.
Patuscada de Gandhi (Afoxé filhos de Gandhi) – Gilberto Gil
A verdade é que, culturalmente, o Brasil ainda é uma colônia. Nós brasileiros somos extremamente americanizados, é algo que vem desde o berço, e torna cultural dar mais valor ao que vem de fora do que o que se produz aqui. Como consequência disso, conhecemos muito bem a cultura dos Estados Unidos (e da Inglaterra), mas desconhecemos nossa própria.
É uma pequena minoria* que conhece a grande diversidade de instrumentos musicais da música regionalista brasileira. Na introdução desta música, Gilberto Gil dá uma verdadeira aula.
*Não considero “pequena minoria redundância”, já que 49% é minoria, mas não é pequena.
Rapture – Blondie
Novaiorquinos, os membros do Blondie no final dos anos 70 assistiram bem de perto ao surgimento do hip hop. Percebendo que era algo que vinha para ficar, a banda com esta música se antecipou ao adotar elementos daquilo em “Rapture” (cujo título não por acaso começa com RAP).
Após começar com um canto de sereia sobre uma batida disco music, a vocalista Debbie Harry ataca com um vocal e letra totalmente diferentes: um rudimentar (porém honesto) rap rock. Claro que para alguns isso fez a banda ser vista como traidora do punk, mas ela não estava lá muito interessada em acatar aos radicais dogmas musicais do gênero.
O que gosto do clipe é como ele retrata a elegantemente decadente (ou seria decadentemente elegante?) Nova Iorque, que me lembra Taxi Driver.
Ouça a playlist Camarada Garcia Recomenda no Spotify: