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As 10 melhores músicas do Rush selecionadas e comentadas por Neil Peart

As 10 melhores músicas do Rush selecionadas e comentadas por Neil Peart
"Moving Pictures" (1981), do Rush, em vinil.

Neil Peart se juntou ao Rush em 1975, se encaixando tão bem na banda que parece ter nascido para ela. Mais que baterista, assumiu também o papel de seu letrista — como ambos escreveu seu nome da história do rock como um dos maiores de todos.

Em 2015, o trio terminou de rodar o mundo com a R40 — ao mesmo tempo celebração de seus 40 anos e turnê de despedida. No ano anterior, em entrevista para a CBC Music, Neil Peart fez algo raro: listou e comentou aquelas que considerava as 10 melhores músicas do Rush:

10: Xanadu – A Farewell to Kings (1977)

“Vamos chamar isso de nossa fase experimental. Após ‘2112’, éramos guitarra, baixo, bateria e ambição, então pensamos em adicionar outro músico. Mas depois decidimos expandir nosso próprio arsenal, então os caras começaram a tocar violão acústico, os pedais de baixo estavam começando a surgir, e eu comecei a expandir minha bateria, o que nos daria uma ótima capacidade de orquestração.”

“Os álbuns seguintes foram sobre aprender a usar tudo aquilo; nos divertindo, experimentando, sendo tão genuínos quanto possível. Quando olho para trás, é com um sorriso indulgente. Mais tarde, faríamos coisas melhores, mas não tinha nada de errado com aquilo. Já me descrevi como um jovem tolo e corajoso.”


9: Time Stands Still – Hold Your Fire (1987)

“Uma música que ainda gosto muito, autobiográfica em certo sentido. A ideia de querer desacelerar [o tempo] para absorver o momento; sentir o momento um pouco mais forte, já que não podemos controlar o tempo para usufruir mais. Fico frustrado quando as pessoas dizem ‘Como o tempo voa!’ É você que simplesmente não prestou atenção.” 

“Um dia é um dia; um mês é um mês; um ano é um ano. Para mim, isso começou em 1986. Me lembro de sentar para escrever os motivos pelos quais 1986 havia sido o melhor ano de todos. Então, se eu já conseguia pensar assim em 86, agora consigo ainda mais valorizar a passagem do tempo e a riqueza da experiência.”


8: YYZ – Moving Pictures (1981)

“Estávamos voando para Toronto em um avião particular quando ouvimos o código Morse — que se tornou o ritmo fundamental da música. Era uma trilha sonora sobre os aeroportos: o lado movimentado, o lado emotivo. Sabe, [gente] se reencontrando, e todas as lamentações. Aquilo foi algo consciente, de tentar incorporar alguns dos humores dos aeroportos na música ‘YYZ’.”


7: Red Barchetta – Moving Pictures (1981)

“Um amigo meu [Richard Foster] escreveu uma história […] ambientada em um futuro distópico onde certos carros eram proibidos. Ele usou um MGB na história, mas eu usei meu carro dos sonhos: uma Barchetta vermelha. Para a gente era tão cinematográfico! Estávamos aprendendo a ser concisos, mas também a fazer trilhas sonoras.” 

“É provavelmente uma das nossas melhores nesse sentido. Como um curta-metragem, cada seção é um acompanhamento cinematográfico para a letra. Ainda é uma que eu gosto muito, e é ótimo de tocar ao vivo.”


6: Limelight – Moving Pictures (1981)

 “Uma tentativa de dizer para mim mesmo (e, esperançosamente, para os outros) uma coisa que aprendi: nunca reclame, nunca justifique. Eu tento não reclamar, mas não consigo deixar de justificar. Foi uma tentativa minha de me explicar como um introvertido, me sentindo totalmente alienado pela ‘gaiola dourada’ de tudo isso.”

“Acabou que ao longo do tempo foi notável quantos jovens músicos vieram até mim e me disseram o que essa música significou para eles quando passaram pela mesma situação na vida. É oferta e demanda: como jovem músico, você está totalmente focado na oferta e não há demanda, e assim que você fica um pouco popular, há demanda, mas a oferta é a mesma — você continua sendo um só. É uma transição muito difícil de superar.”


5: Subdivisions – Signals (1982)

“Altamente autobiográfica, é claro. Foi um passo importante para nós: a primeira música [do Rush] escrita baseada em teclado. A vantagem disso: as pessoas não percebem que isso fez de Alex [Lifeson] e eu a seção rítmica. Então, a primeira vez que ele e eu sintonizamos as partes um do outro foi quando Geddy [Lee] estava tocando teclado.” 

“Foi uma nova maneira ótima para nós nos relacionarmos. Também é um bom exemplo de nós aprendendo a fazer transições de assinatura de tempo de forma mais fluente. Mais uma vez, é maravilhoso de tocar ao vivo. É desafiador e sempre gratificante tocar decentemente.”


4: La Villa Strangiato (An Exercise in Self-Indulgence) – Hemispheres (1978)

 “Esta é a mente de Alex: cada seção dessa música é um sonho diferentes que Alex nos contava, e a gente ficava, tipo ‘Chega, chega!’ Aqueles esses sonhos bizarros que ele insistia em contar todos os detalhes… acabou que virou uma piada interna entre Geddy e eu.” 

“‘La Villa Strangiato’ significa cidade estranha, e tinha um monte de coisa acontecendo nela. Também tem uma seção de big band, que foi totalmente feita para mim, porque eu sempre quis tocar naquele estilo. E música de desenho animado. Nós nos metemos em encrenca depois porque usamos música de um desenho animado dos anos 30.”


3: 2112 – 2112 (1976)

“Gravamos três álbuns nos meus 18 primeiros meses na banda. Quando chegamos a ‘2112’, tivemos um mês inteiro para escrever, ensaiar e gravar o álbum; foi feito sob as condições mais precátias, mas com uma baita convicção e entusiasmo. Estávamos tão irritados naquela época: os três primeiros álbuns haviam vendido mais ou menos a mesma coisa, então nossa gravadora estava para nos descartar.” 

“As pessoas diziam ‘Você tinha que mudar de estilo, precisa lançar um single…’ Ouvir aquelas coisas era como veneno para mim, eu pensava ‘Até parece!’ Nós reagimos. A história [da faixa título] fala sobre ser um indivíduo contra a opressão, porque era como nos sentíamos. E deu certo! Foi nosso grande sucesso comercial, e com uma música de 20 minutos. Ela falava por si mesma.”


2: “Tom Sawyer – Moving Pictures (1981)

“Essa música nos pegou em um momento de muita confiança, em que estávamos aprendendo a fazer música de apenas seis minutos (em vez de 12, 15…), e a usar os mesmos padrões de arranjo. A bateria é tão detalhada, mas quando entramos no meio da parte com o tempo quebrado, foi improvisado. Eu me perdi e me virei para encontrar uma saída, de alguma forma voltei para o ritmo. Acabou que aquele improviso virou uma nova parte… É uma daquelas partes-chave que eu amo: foi simplesmente um erro que tive a sorte de contornar..”


1: The Spirit of Radio – Permanent Waves (1980)

“Estávamos trabalhando em uma fazenda no interior de Ontario ocidental e indo para casa nos fins de semana. Lembro-me de chegar em casa muito tarde e a CFNY Radio estava no ar […] O slogan da CFNY na época ‘O espírito do rádio’. A música em si, alterna entre estações de rádio: tem uma seção de reggae no final, o segundo verso é new wave… Toco como um baterista de punk lá, e isso foi tudo intencional.”


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André Garcia

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