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John Lennon: “Odeio essa ilusão de que George Martin e Brian Epstein nos construíram”

John Lennon: “Odeio essa ilusão de que George Martin e Brian Epstein nos construíram”
Beatles com o empresário Brian Epstein

Os Beatles eram formados por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, mas para chegar aonde chegaram, eles contaram com o apoio de muitas pessoas. Duas das mais importantes foram o empresário Brian Epstein e o produtor George Martin. 

Brian Epstein descobriu a banda quando ela ainda tocava no Cavern Club, e ao se tornar seu empresário, a profissionalizou. Até seu inconfundível visual, com ternos sob medida e cortes de cabelo da moda na França, foram ideia dele.

O maestro George Martin já era um veterano produtor da EMI quando foi escalado para produzir os Beatles. Sua experiência, seu domínio sobre toda a parafernália de estúdio e as nuances dos arranjos musicais, ele ajudou o quarteto a moldar seu som. Principalmente em sua fase psicodélica, ele foi fundamental para trazer para extrair para os discos os sons que eles tinham na cabeça.

Os dois foram tão importantes que para muitos os Beatles não passaram de uma boy band montada por eles. John Lennon discordava radicalmente disso, e, conforme áudio disponível no YouTube pelo canal Beatles Bible, odiava essa “ilusão” que se construiu:

“Eu simplesmente odeio essa ilusão de que George Martin, Brian Epstein, Dick Lester e aquela gente toda nos construíram.” 


A opinião de John Lennon sobre o filme A Hard Day’s Night

A declaração foi dada enquanto ele comentava o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day’s Night, dirigido por Dick Lester em 1964. O longa mostrava os Fab Four fazendo papel deles mesmo e viajando e tocando pelos Estados Unidos enquanto fugiam (literalmente!) da histeria coletiva da beatlemania.

“Ah, eu achava que [o filme] não era ruim, mas poderia ter sido melhor. Transmitia a ilusão de que não passávamos de fantoches e que Brian Epstein e Dick Lester eram grandes sujeitos que criaram as situações e fizeram aquela p*rra toda. Porque estávamos na posição em que não éramos realistas. A gente não queria fazer um filmezinho pop de m*rda, não queríamos fazer um filme ruim. Nós insistimos que fosse escrito por um roteirista de verdade, e Brian apareceu com Alun Owen, que era de Liverpool, e tinha escrito um musical para a TV chamado No Trams to Lime Street.”

“Nós concordamos, aí ele teve que andar com a gente para ver como éramos… mas ele era uma farsa. Ele estava mais para um homem de Liverpool profissional. Tipo aqueles americanos profissionais. Ele passou dois dias com a gente e escreveu a coisa toda baseado em arquétipos: Ringo era burro e bonitinho, George era tal coisa… Nós ficamos enfurecidos com a bobeira daquilo, sabe? E o quão m*rda eram os diálogos. A gente queria que fosse mais realista, que as câmeras fossem mais realistas, mas não conseguimos.” 


Para John Lennon, filmagens de “Let It Be” foram “um inferno”

Conforme publicado pela Far Out Magazine, John Lennnon em 1969 não tinha boas recordações das filmagens de Let It Be:

“Foi um inferno fazer o filme ‘Let It Be’. Nem mesmo o maior dos fãs dos Beatles conseguiria assistir todas aquelas seis semanas de sofrimento. Aquela foi a gravação mais deprimente da face da Terra.”

Décadas depois, em 2021, as filmagens do Let It Be foram lançadas em formato de série documentarial Get Back, dirigida por Peter Jackson. Contrariando John Lennon, a série foi aclamada pelos fãs e pelos críticos, além de ter recebido diversos prêmios. Com oito horas de duração, mostrou que houve vários problemas, mas que também não foi o inferno deprimente que ele dizia ter sido. 


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André Garcia

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