The Who: Pete Townshend revela que David Bowie foi seu primeiro fã

Uma das maiores virtudes de David Bowie sempre foi sua capacidade de antever o futuro. Capacidade essa que ele já possuía mesmo antes da fama, nos anos 60, tanto que foi o primeiro no mundo a fazer cover de Velvet Underground — antes mesmo do lançamento do álbum de estreia de Lou Reed e companhia. 

Como se não bastasse, Bowie foi também o primeiro fã de Pete Townshend, mesmo antes dele ficar famoso como líder e compositor do The Who. Conforme publicado pela Ultimate Guitar, quem contou essa história foi o próprio Pete, em entrevista à rádio em 2021:

“Essa é um história estranha. Eu era publicado a partir de 1964 por um cara chamado David Platts, que dirigia uma empresa que publicava gente como Leslie Bricusse e Anthony Newley, entre outros. Eu era um dos compositores de segundo escalão dele. Sua empresa se chamava Essex.”

“E um dia, eu estava caminhando […] e alguém gritou do outro lado da rua: um cara com um visual meio mod, cabelo loiro penteado para trás. Aquilo deve ter sido por volta de 1966, início de 1967, e ele era David [Bowie]. Ele estava com sua esposa, Angie, e ele gritou na rua, ‘Adorei a demo de ‘Join My Gang’ que você fez!’, que era uma música que eu tinha escrito para um dos artistas de Robert Stigwood. E eu perguntei ‘Como você ouviu aquilo?'”

“Ele respondeu ‘É que eu trabalho na Essex e ouvi todas as suas demo’. […] Toda vez que eu escrevia uma música, enviava uma demo para a Fabulous Music, empresa sediada na Essex. E ele pegava todas as minhas demos; e ouviu todas as minhas músicas, que eu tinha gravado em casa. Eu não sabia nada sobre ele. De qualquer forma, perguntei seu nome, e ele na época disse que se chamava David Jones. Esse foi o meu primeiro encontro [com ele].”

A admiração de David Bowie por Pete Townshend foi consagrada pela inclusão de “Can’t Explain”, do The Who, em seu álbum de covers, “Pin Ups” (1973).

Por que David Bowie criava personagens?

Em 1987, o Camaleão do Rock em entrevista a Joe Smith revelou:

“Escrever uma música para mim nunca soava sincero. Eu não tinha problema em escrever algo para Iggy Pop, Lou Reed ou Mott the Hoople: eu conseguia entrar no mundo deles, no que eles queriam passar… mas eu achava extremamente difícil escrever para mim mesmo. Eu descobri que era bem fácil escrever para os personagens que eu criava. Era muito mais fácil, depois que criei Ziggy [Stardust], escrever músicas para ele. Mesmo ele sendo eu mesmo [risos]!”