O vocalista que para Bruce Springsteen tem o mesmo “complexo de messias” que ele

Para vocalistas de rock para ser muito difícil não ser profundamente afetado pela experiência de ver seu rosto em todo lugar, ouvir sua voz em todo canto, e ter seu nome gritado por dezenas de milhares de pessoas em diversos países. 

Não são raros os que se levam tão a sério que, ao menos temporariamente, caíram no complexo messiânico ao receberem o rótulo de porta-voz de sua geração: Bob Dylan, John Lennon, David Bowie, Roger Waters…

Segundo Bruce Springsteen em seu discurso que introduziu do U2 ao Rock & Roll Hall of Fame, em 2005, ele e Bono também estão nessa lista.

“Bono… por onde eu começo? […] Ele tem a voz, um grande coração aberto e decente, […] e ele é um grande frontman — contra todas as possibilidades. Um xamã, um impostor, [possuidor de] um dos maiores e mais inspiradoramente desnudos complexos de messias do rock n roll. Que Deus te abençoe, rapaz! É preciso ser um para reconhecer o outro, é claro [risos]. Todo frontman irlandês e ítalo-irlandês sabe que antes de James Brown veio Jesus. Nós não somos irônicos, somos frutos do coração, da terra e da Via Crúcis — não dá para escapar disso.”

A seguir, Springsteen exaltou a voz e a vulnerabilidade de Bono:

“Ele é dotado de uma voz operística e um belo falsete, algo raro entre os potentes cantores de rock. Mas, mais importante que isso, tem uma voz transpassada pela auto-dúvida, que é o que faz aquele som grandioso funcionar. É aquele elemento do talento de Bono junto com as belas letras que escreve, que frequentemente dá a vocês a celestial música do U2: sua fragilidade e sua honestidade. […]. A voz de Bono frequentemente parece um grito não sobre a banda, mas do interior dela.”

Confira o discurso na íntegra (sem legendas em português) abaixo:

The Edge revela qual ele considera ser o “superpoder” de Bono

Conforme publicado pela Far Out Magazine, o guitarrista The Edge refletiu sobre Bono e sua militância política: 

“Ele [Bono] percebeu que seu superpoder era o de trabalhar dos dois lados — persuadir políticos de diferentes partes do espectro [ideológico] a trabalharem juntos. […] Se você avalia o ativismo com base em resultados, em vez de ser uma espécie de tentativa de demonstração de virtude… então Bono estava absolutamente certo.”

“Se você conseguir persuadir um político de que ele não só não vai perder seu apoio atual, como ainda potencialmente vai aumentá-lo, isso é algo difícil de recusar. E Bono se tornou muito bom, creio eu, em advogar com base nisso. [Ele dizia] ‘Olha, isso significa pontos políticos para você!’