O álbum do Nine Inch Nails que para David Bowie só perdia para Velvet Underground
Atribui-se a Brian Eno a citação de que o primeiro disco do Velvet Underground vendeu apenas 10 mil cópias — mas que cada um que o comprou formou uma banda. Uma das mais influêntes, com o passar dos anos influenciou praticamente todas as bandas que se propuseram a fazer rock alternativo.
Velvet Underground foi uma das principais inspirações de Bowie — assim como a cena krautrock — em sua vanguardista trilogia de álbuns gravados em Berlim na segunda metade dos anos 70. E, como um bastão passado de mão em mão, a trilogia Berlim foi uma grande inspiração para Trent Reznor e o Nine Inch Nails.
Em 2010, à Rolling Stone, David Bowie escreveu uma declaração de amor ao segundo álbum do Nine Inch Nails, “Downward Spiral”, que chegou a comparar ao Velvet Underground:
“[Trent Reznor] tocava saxofone e piano, e aprendeu desde cedo como operar um console de estúdio de gravação. Ele produziu um álbum de estreia fantástico chamado ‘Pretty Hate Machine’ […] ele gerou a primeira verdadeira ascensão do rock industrial ao mainstream, vendendo mais de um milhão de cópias.”
“Seguindo o exemplo de Brian Eno, Reznor desembalou seu sintetizador e jogou fora o manual. Ao criar ‘The Downward Spiral’, ele encorajou o computador a interpretar erroneamente as entradas, desejou que ele vomitasse fragmentos sonoros inchados e deformados que perfurassem e dilacerassem o ouvinte. […] Atrás só do Velvet Underground, nunca houve uma surra na alma melhor no rock.”
[…]
“A música de Trent, construída como foi, na história dos experimentos de som industrial e mecânico, contém uma beleza que atrai e repele na mesma medida: o ‘Deus está morto’, de Nietzschem com uma batida de balada. E sempre elevada, no momento mais necessário, por uma melodia cativante. […] Eu não consigo acreditar que ‘Spiral’ foi lançado quase 20 anos atrás. Ainda soa incrível hoje.”