Jimi Hendrix sobre o que passou em sua cabeça quando queimou sua guitarra
Em meados de 1966, Jimi Hendrix deixou os Estados Unidos como anônimo para tentar a sorte da Inglaterra como um total desconhecido. Lá, já em seu primeiro show tocou para uma plateia com nomes como Pete Townshend, Jeff Beck, Paul McCartney e Mick Jagger; e já em seu primeiro show se tornou um astro.
No ano seguinte, retornou aos Estados Unidos decidido a conquistar a fama em sua terra natal — e o fez em 18 de julho de 1967 no Monterey Pop Festival, onde fechou o show quebrando e ateando fogo em sua guitarra. Imagem dessa que é não só uma das mais icônicas dos anos 60 ou da história do rock, mas de toda a cultura pop.
Conforme trecho do livro Jimi Hendrix Starting at Zero: His Own Story, publicado pelo The Guardian, o lendário guitarrista relembrou aquela apresentação, e o que se passou em sua cabeça na hora em que destruiu e queimou sua guitarra:
“18 de junho de 1967. Monterey, Califórnia. Paul McCartney era o beatle mais sinistro, o cara incrível que conseguiu para a gente o show no Monterey Pop Festival. Aquilo foi o nosso começo na América. Tudo estava perfeito. Eu disse: ‘Uau! Tudo está se encaixando! O que eu vou fazer?’ Em outras palavras, eu estava com medo naquela época, quase. Estava com medo de subir ao palco e tocar na frente de toda aquela gente.”
“[…] A música me faz ficar empolgado no palco, e essa é a verdade. É quase como ser viciado em música. Veja bem, no palco, eu esqueço de tudo, até mesmo da dor. […] Você não esquece a plateia, mas esquece toda a insegurança, aquele sentimento de ‘Oh Deus, estou no palco, o que eu faço agora?’ […] Às vezes, preciso até me conter porque fico tão empolgado — não, empolgado não, envolvido.”
“Quando eu estava na Grã-Bretanha, costumava pensar na América todos os dias. Sou americano. Eu queria que as pessoas me vissem aqui [nos Estados Unidos]. Também queria ver se poderíamos voltar aqui e fazer sucesso. E conseguimos, cara! […] Eu sentia que estávamos apresentando ao mundo inteiro aquela coisa nova; a melhor, mais adorável novidade. Então, decidi destruir minha guitarra no final da música [‘Wild Thing’] como um sacrifício: você sacrifica coisas que ama; eu amo minha guitarra.”
Irmã de Jimi Hendrix relembra como ele era em casa
Conforme publicado pela Far Out Magazine, Janie Hendrix, irmã de Jimi Hendrix, relembrou como ele era fora do palco:
“Não era como se ele ficasse gritando ou correndo pela casa, quebrando as coisas, como fazia no palco. Ele não era assim, era muito tímido e quieto, gostava de ficar na dele, ouvir e falar. Ele era ótimo ouvinte, até demais, porque nós é que queríamos saber dele. Quando vinha para casa, ele nem levava a guitarra, só queria passar um tempo com a família.”
“A gente fazia umas reuniões familiares, onde sentávamos em círculo na sala e fazíamos uma tonelada de perguntas a Jimi. [Quando estava em turnê] ele sempre ligava para casa, mas nem sempre falava sobre o que andava fazendo. Ele só queria saber o que todo mundo andava fazendo, porque vivendo na estrada, ele lamentava perder aniversários, festas natalinas e essas coisas.”