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Jimi Hendrix sobre a morte e o que gostaria de tocar em seu próprio funeral 

Jimi Hendrix sobre a morte e o que gostaria de tocar em seu próprio funeral 
Foto: Túmulo de Jimi Hendrix, Wikimedia Commons

A curta e agridoce vida de Jimi Hendrix foi guiada e pautada por seu amor pela música. Após passar a juventude perdido por aí, chegando a servir ao exército, foi ao tocar uma guitarra que tudo fez sentido para ele, que tudo ficou claro. 

Sua carreira profissional à frente de sua própria banda foi tragicamente breve — durou apenas de 1966 a 1970 — mas nesse período ele viveu o céu e o inferno. Problemas de todo tipo com empresários, contadores, e aproveitadores em geral, bem como as drogas e a justiça, sugaram dele sua motivação de fazer música. Mais que isso sugaram sua vontade de viver: aos 27 anos ele soava velho, exausto, farto. 

Conforme trecho do livro Jimi Hendrix Starting at Zero: His Own Story, publicado pelo The Guardian, pouco antes de morrer ele já falava como se sentisse que não viveria mais por muito tempo, chegando a dizer que não sabia se chegaria aos 28:

 “No momento em que eu sentir que não tenho mais nada a oferecer musicalmente, é quando não me encontrarão mais neste planeta, […] porque se eu não tiver nada para comunicar por meio da minha música, então não há nada pelo que viver. Não tenho certeza se vou viver até os 28 anos, mas, por outro lado, tantas coisas maravilhosas aconteceram comigo nos últimos três anos. O mundo não me deve nada.”

Em seguida, ele falou sobre sua visão de vida e morte, que contrariava o senso comum de que a morte é a maior das tragédias:

“Quando as pessoas têm medo da morte, é um completo caso de insegurança. Seu corpo é apenas um veículo físico […] A ideia é colocar a própria vida em ordem, ver se você pode se preparar para o próximo mundo — porque há um. […] As pessoas ainda lamentam quando alguém morre. Isso é autocompaixão. Todos os seres humanos são egoístas, de certa forma, e é por isso que as pessoas ficam tão tristes quando alguém morre: elas ainda não terminaram de usar a pessoa. Quem morreu não chora. Tristeza é quando um bebê nasce neste mundo tão pesado.”

Jimi Hendrix queria fazer o show de sua vida em seu funeral

Hendrix contou ainda que desejava tocar em seu próprio funeral — chegando a detalhar o que tocaria e quem convidaria para tocar com ele:

“Vou te contar, quando eu morrer, vou querer fazer uma jam session. Quero que as pessoas enlouqueçam e surtem; e me conhecendo, provavelmente vou ser preso no meu próprio funeral. A música será alta, e será a nossa música. Não vai ter nada dos Beatles, mas terá algumas coisas de Eddie Cochran, e muito blues. Roland Kirk estará lá, e vou tentar trazer Miles Davis também,  se ele tiver interesse.”

Por fim, o guitarrista se mostrou também amargo à tendência que o ser-humano tem de só dar valor a algo depois que perde — de só dar valor a alguém depois que morre:

“Quase vale a até a pena morrer só por isso, só pelo funeral. É engraçado como as pessoas amam os mortos. Você tem que morrer para que pensem que você vale alguma coisa. Depois de morto, você está garantido para a vida. Quando eu morrer, apenas continue tocando os [meus] discos.”


Gravação do álbum “Band of Gypsys” foi “um desastre”, segundo Jimi Hendrix

"Band of Gypsys" em vinil
“Band of Gypsys” em vinil

Jimi Hendrix Experience foi cercado por tantos problemas e complicações que acabou implodindo em 1969. A seguir, no mesmo ano, Hendrix formou outra banda, a Band of Gyspys, mas o inferno astral persistiu. Conforme publicado pela Ultimate Classic Rock, no livro Hendrix on Hendrix, o guitar hero confessou frustração com a gravação de seu único álbum, autointitulado, gravado ao vivo: 

“Não fiquei muito satisfeito com o álbum ‘Band of Gypsys’ — se dependesse de mim, nunca teria lançado. Da perspectiva musical, não foi uma boa gravação, e eu estava desafinado em algumas partes. Não teve preparação suficiente e saiu meio ‘zoado’. Todos nós nos sentimos inseguros. A questão é que devíamos um álbum à gravadora, e eles estavam nos pressionando… então aqui está.”

Para a Rolling Stone, ele disse:

“Eu estava muito cansado. Sabe, às vezes tem muita coisa que vai acumulando na sua cabeça e te pega na pior hora, que acabou sendo em uma celebração da paz. Lá estava eu lutando a maior guerra da minha vida, por dentro, sabe? E, tipo, aquele não era o lugar para aquilo. O motivo do disco foi cumprir uma velha clausula contratual. Nós não vamos mais voltar.”


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André Garcia

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