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Eric Clapton sobre as pixações “Clapton is God”: “Duvido muito que tenha sido um fã”

Eric Clapton sobre as pixações “Clapton is God”: “Duvido muito que tenha sido um fã”
Uma das mais icônicas imagens do rock sessentista

Eric Clapton foi um dos maiores nomes do rock inglês nos anos 60 e um dos primeiros dos guitar heroes. Uma das maiores influências de nomes de Jimi Hendrix a Eddie Van Halen passando por Brian May, ele foi considerado o mestre dos mestres. Mais que isso, em meados da década ele, quando tinha apenas 20 anos, chegou a ser considerado “Deus” por pixações feitas em Londres. 

A fotografia de uma velhinha passeando com um cachorro fazendo xixi em um muro pixado com “Clapton is God” foi uma das mais icônicas imagens da década. Ela marcou para o rock inglês a transição do frenesi da beatlemania para uma verdadeira idolatria dos músicos. 

Em entrevista de 2016 para a Classic Rock, o Slow Hand foi questionado sobre aquilo, e revelou desconfiar que se tratasse de uma armação e quem ele suspeitava que tivesse sido o autor.


“Duvido muito que tenha sido um fã”

Há muita autodepreciação em sua autobiografia, então eu me perguntava como isso se relacionava com o surgimento da pichação “CLAPTON IS GOD” pelos muros de Londres.

“Acho que foi uma armação.”

Sério?

“Ah, sim. Quando foi feito? Foi na época do Yardbirds ou John Mayall?”

Acho que foi por volta da época do Mayall, em 1965.

“Então posso estar errado. Mas quando tocamos com o The Yardbirds no Crawdaddy Club, tinha um cara que trabalhava para o empresário do Yardbirds, Giorgio Gomelsky, e o nome dele era Hamish Grimes. Um cara muito legal. Era seu trabalho, antes de subirmos ao palco, subir lá e animar o público.”

“A gente simplesmente pensava ‘Não sei pra que precisamos disso, nós mesmos podemos animar o público’. Mas a administração achava que era necessário. Então Aquele cara fazia a plateia bater palmas ou gritar. E sempre suspeitei que ele fosse o responsável por sair com um pote de tinta e um pincel e pintar aquilo na parede. Duvido muito que tenha sido um fã.”

Mesmo assim, aquela era sua reputação. Tinha uma idolatria séria acontecendo, não é?

“Bem, não na minha presença, não. Quero dizer, eu nunca sentia aquilo. Acho que foi percebido pela mídia. Pode ter sido genuíno, mas depois virou uma espécie de rótulo e eu não via aquilo como algo relacionado ao que eu fazia. Ao mesmo tempo, sou muito grato por aquilo, porque colocou a música que eu estava tentando promover, que era blues, country e gospel, sob o radar, em vez da música pop. Mas foi um verdadeiro fardo para mim, que eu realmente não queria.”


“Achei apropriado”, brincou Eric Clapton nos anos 90 sobre rótulo de “Deus”

O premiadíssimo Eric Clapton no Grammy de 1993

Em entrevista para a Music Radar em 1994, Eric Clapton comentou com humor sobre as pixações “Clapton is God”, mas revelou que na época levou aquilo muito a sério:

“Eu achei aquilo bem apropriado, para ser sincero [risos]! Acho que eu sentia que merecia pela seriedade que eu colocava naquilo. Eu era mortalmente sério em relação ao que eu fazia, [que] para mim todos os outros estavam lá só para aparecer no Top of the Pops ou para pegar mulher, ou alguma outra coisa questionável.”

“Meu objetivo era salvar o mundo. Eu queria falar para todo o mundo sobre o blues e fazer o que era certo. Eu cheguei ao ponto de acreditar estar em algum tipo de missão divina. Então, de certa forma, eu pensei ‘Sim, eu sou Deus, isso aí’. Minha cabeça estava nas alturas. Eu era insuportavelmente arrogante, não era uma pessoa agradável de conviver na maior parte do tempo, porque me sentia superior e muito crítico. Eu não tinha tempo para nada que não servisse a meus propósitos.”


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André Garcia

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