Beatles: As três únicas músicas dos Fab Four que Frank Zappa gostava
É chover no molhado dizer que Beatles o quão grande e influente foram os Beatles. Chega a ser difícil encontrar palavras para dar noção da dimensão que eles tiveram — e ainda têm, mesmo hoje, após mais de meio século de sua separação. Afinal de contas, além de seu pioneirismo que revolucionou a música pop, eles ainda produziram, em apenas nove anos, dezenas das maiores canções do século. Não há gênero musical que eles não tenham influenciado — mais que isso, muitos gêneros foram criados por eles.
Sua influência é tamanha que é muito difícil encontrar algum rockstar que não os adore. Até o notoriamente cri-cri Lou Reed ora torcia o nariz, ora dava o braço a torcer. Frank Zappa é um dos que jamais se empolgou com o Fab Four:
“Todo mundo achava que eles eram deuses. Para mim, não era verdade. Eles eram apenas uma boa banda pop.”
Frank Zappa foi um dos músicos mais excêntricos e fora da casinha que já existiram. Segundo a Wikipedia:
“Foi um compositor, cantor, guitarrista, multi-instrumentista e produtor americano. Considerado um dos maiores músicos e compositores do séc. XX. Com uma carreira de mais de trinta anos, a sua obra musical estendeu-se pelo rock, fusion, jazz, música eletrônica, concretista e clássica. Zappa compôs e produziu quase todos os seus 60 álbuns. Os Mothers of Invention, banda que o acompanhou em grande parte da carreira, eram apenas o conjunto de músicos que o acompanhava nos seus concertos e gravações não tendo por isso uma estrutura estática, mudando constantemente os seus elementos. Apesar de sempre se ter considerado como um músico averso e contrário à indústria musical, principalmente contra a sua máquina comercial, esta não pode deixar de reconhecer a sua genialidade.”
Só que o catálogo dos Beatles é tão foda que até mesmo ele, que adorava andar na contramão, curtia uma música ou outra; três, para ser mais exato. Conforme publicado pela Far Out Magazine, o cientista louco musical confessou ao autor John Corcelli:
“As melhores músicas dos Beatles eram ‘Paperback Writer’, ‘Strawberry Fields Forever’ e ‘I Am the Walrus’. Do resto eu não gosto muito.”
Paperback Writer (1966)
Fala sobre um aspirante a escritor que deseja ser famoso e oferece sua mais nova obra ao ouvinte. Bem-humorada, faz confusão entre o autor Shakespeare e seu personagem Rei Lear ao dizer “É baseada numa novela de um cara chamado Lear”. Sonoramente, marcou o começo da fase psicodélica, e se destaca por um dos primeiros usos de distorção na guitarra em seu riff principal.
Strawberry Fields Forever (1967)
Uma das músicas que marcaram o auge da fase psicodélica dos Beatles, fala sobre um orfanato em Liverpool onde ia passar o tempo na infância John Lennon, que cresceu abandonado pelo pai e pela mãe. Sua letra é psicodélica, evocativa e onírica, onde ele regressa àqueles dias solitários para revisitar e relatar suas emoções. A música é também notável por sua estrutura não convencional, que fez uso de diversos elementos tecnológicos para “deformar o som”, como alterar o tom e a velocidade.
I Am the Walrus (1967)
Outra música que marcou o auge da era psicodélica dos Beatles, foi uma versão ainda mais ambiciosa de “Strawberry Fields Forever”. Além de instrumentos não convencionais, como teremin, foram usados diversos trechos de vozes e efeitos sonoros, como um mosaico. Sua letra é uma colagem de imagens surrealistas e referências literárias.
O álbum dos Rolling Stones “superior ao Sgt. Pepper’s”, segundo Frank Zappa
À revista britânica Let it Rock, Zappa declarou considerar “Between the Buttons”, dos Rolling Stones, superior a “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, ambos de 1967:
“Não gosto muito da versão inglesa [do ‘Between the Buttons’] porque ela contém músicas totalmente diferentes. Eu entendo que eles não gostem lá muito daquele álbum, mas para mim era uma importante obra de comentário social na época. Lembro de ter visto Brian Jones muito bêbado no Speakeasy certa noite, e dizer a ele que curtia e achava [‘Between the Buttons’] superior ao ‘Sgt. Pepper’s…’: ele soltou um discreto arroto e virou de costas.”